“Após 20 anos dedicados à criação, ao desenvolvimento e ao sucesso da Unitel, optei por deixar o cargo de membro do conselho de administração da empresa”, disse Isabel dos Santos num comunicado enviado à Lusa.
A empresária que controla a Vidatel, detentora de 25% da empresa, explica que a sua decisão se prende com “o clima de conflito permanente” que se instalou no conselho de administração da empresa, que tem como principal acionista a petrolífera estatal Sonangol.
“Numa altura em que a economia angolana e o mercado das telecomunicações atravessam condições económicas particularmente adversas, parece-me contraproducente e irresponsável permitir que um clima de conflito permanente e de politização sistemática dos administradores se instale no conselho de administração da empresa, fruto das relações entre acionistas”, justifica Isabel dos Santos no comunicado.
A empresária, filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, salienta ainda que este órgão “deve ser ocupado por pessoas dedicadas e com um espírito de equipa, comprometidas com o trabalho rigoroso e produtivo, no interesse da empresa e dos seus colaboradores e clientes”.
Os acionistas da Unitel reuniram-se em Assembleia-Geral na passada segunda-feira para deliberar sobre 13 pontos, incluindo uma auditoria forense à gestão da empresa nos últimos dez anos e recomposição do conselho de administração, mas até à data não é conhecido o desfecho do encontro nem as decisões tomadas.
A Unitel é detida pela Sonangol, que atualmente controla a empresa com 50% do capital, depois de ter comprado a participação de 25% da PT Ventures (controlada pela brasileira Oi), pela Vidatel da empresária Isabel dos Santos, que detém outros 25%, e pela Geni, do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento, com os restantes 25%.
Isabel dos Santos destaca que, nos anos em que esteve à frente da operadora realizou um investimento de mais de cinco mil milhões de dólares na rede, equipamento e formação profissional, “recorrendo inteiramente a receitas próprias e empréstimos bancários privados e sem qualquer apoio de fundos governamentais ou públicos”.
Afirma também que a Unitel é “um dos grandes contribuintes em Angola” a nível de impostos e apoiou “com dezenas de milhões de dólares” vários programas de responsabilidade social.
Como uma das fundadoras da empresa, manifesta também orgulho por “ter construído uma das primeiras redes de telecomunicações em Angola e de ter participado no desenvolvimento desta empresa”, com mais de 3.000 trabalhadores onde atualmente “99.9% dos trabalhadores e técnicos são angolanos”.
A empresária garante que vai “continuar a apoiar a Unitel” e afirma estar “sempre ao lado do progresso, da economia e da criação de empregos e oportunidades para jovens angolanos”.
Nas últimas semanas, a Unitel e a sua acionista Vidatel reclamaram ser credoras de dívidas mútuas.
Isabel dos Santos negou ter recebido transferências injustificadas da Unitel, garantindo ser credora da operadora que alegadamente não terá devolvido um empréstimo que obteve junto da Vidatel Ltd.
A Unitel negou a existência desta dívida, reconhecendo que a Vidatel tem dividendos por receber, que não foram transferidos devido ao arresto decretado pelo Tribunal de Luanda às participações de Isabel dos Santos em várias empresas angolanas. A operadora reclamou, por outro lado, uma dívida de outra empresa de Isabel dos Santos, a Unitel International Holdings BV, que não é acionista.
A Unitel era, até janeiro deste ano, controlada por quatro acionistas, cada um dos quais com 25%: a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a petrolífera estatal Sonangol, a Vidatel (de Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino “Dino” Fragoso do Nascimento).
A 26 de janeiro, a Sonangol comprou a posição da PT Ventures, por mil milhões de dólares (900 milhões de euros) tornando-se a maior acionista da operadora angolana.
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